sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Incensatez



A verdade é que não me corre sangue nas veias.

São formigas.

Em geral, são disciplinadas minhas formigas. Circulam por minhas veias uniforme mente, sem bloqueá-las, num fluxo constante, sabe? E para mantêm-las assim, obedientes e servis, procuro conservar-me ácida ou amarga, porque a doçura entorpece as bichinhas. Por vezes, afim de que não morram à míngua, dou-lhes algum açúcar e elas, ávidas, deslocam-se em uma velocidade inimaginável para a fonte. Concentram-se em minhas mãos quando dum carinho inocente, na minha boca quando dum beijo mais ardente, ou em qualquer outra parte do meu corpo quando duma doçura mais agridoce. Satisfazem-se e retomam sua rotina circulatória.

O problema maior que tenho com minhas formigas é quando, por alguma disfunção insulínica ou sei lá por que outro motivo, a doçura acontece por dentro. Aí está a regra desfeita. Os insetos enlouquecem e começam a andar de lá pra cá por minhas vísceras, sem direção. Concentram-se nos pés causando-me caimbras. Não passam por minha cabeça e eu tenho desmaios. Não alimentam meus pulmões e eu fico sem ar. E fica grave, gravíssimo mesmo, quando enfim elas descobrem que a fonte da doçura é o coração.

Acaba que todas elas resolvem converger pra lá, numa puta desordem. São muitas e não há açúcar que dê pra todas e o coração já nem pulsa, chacoalha. E nem chacoalha, segreda. E elas não saem de lá. Suas presas insensíveis há muito feriram/prenderam onde conseguiam. E na falta do que lhes adoce, roem o próprio, esse órgão de insensatez.

Naquele vento frio



Bom uma vez eu ouvi dizer
que a saudade poderia ser
sinonimo do amor que fica
seja essa saudade de
uma pessoa especial
que você ama muito
ou de pessoas que passaram
e deixaram essa tal saudade
sei que e um sentimento de falta
você se senti incompleto
e como se parte de você
tivesse ido naquele vento frio
que passou por aqui essa noite